
Siscom diz que índice aumentou em janeiro e fevereiro e que bancos estão preocupados
O ano de 2015 está se confirmando como um ano difícil para o crédito. Em janeiro e fevereiro, os atrasos no pagamento de prestações de empréstimos, principalmente os sem garantia — como cartões e cheque especial — foi maior e o cenário deve piorar, por causa da alta da inflação e o desemprego. A informação é da empresa de recuperação de crédito Siscom, que trabalha para oito grandes instituições — além dos maiores bancos, também alguns de montadoras.
Segundo a empresa, os bancos estão preocupados e a demanda aumentou. Mas apesar de representar mais serviço, a situação deve ser difícil também para a própria Siscom. “Somos remunerados pela taxa de sucesso. Mesmo que o volume de cobrança aumente, não significa que o sucesso vai crescer junto automaticamente”, explica o atual presidente e fundador da empresa, Claudio Kawasaki. Para contornar a questão, a Siscom está investindo R$ 3 milhões em tecnologia para tentar aumentar a taxa de sucesso das cobranças.
Satoshi Fukuura, diretor executivo da Siscom, explica que a ideia é desenvolver programas para identificar perfis de inadimplentes para, assim, determinar quais abordagens deve — ou não devem — ser usadas com maior sucesso. “Tem gente que atrasa os pagamentos de forma contumaz, mas sempre paga. Quanto a esses não precisamos nos preocupar”, explica. A tecnologia também ajuda a reconhecer os CPFs que estão sendo negativados e porque — se for por desemprego, não adianta forçar a barra para cobrar a vista, diz Fukuura.
Os executivos admitem que é muito difícil quantificar o tamanho do mercado, porque os bancos terceirizaram várias fases do crédito, da oferta à cobrança, e está tudo muito disperso. “Agora, os bancos estão querendo que as empresas de cobrança cada vez treinem seus funcionários para lidar com o assunto com mais conhecimento. As coisas mudaram, inclusive as leis. Não podemos mais tratar os inadimplentes como antes. É importante colaborar para trazê-los de volta ao sistema”, diz Fukuura. “Em alguns países como México e Colômbia, as empresas de cobrança fazem propaganda em horário nobre nas TVs sobre como sair do endividamento e pagar as dívidas. No Brasil ainda há preconceito com o assunto, mas isso está mudando”.
Os executivos revelam ainda que estão investindo em uma nova ferramenta, o “canal autonegociador”. Os bancos estão fazendo o mesmo, mas tem outros focos e empresas como a Siscom podem sair na frente, explicam. “A ferramenta permite ao devedor decidir sozinho quando resolver sua pendência e como; escolhe modalidade de pagamento, gera o boleto e paga pelo site do banco ou aplicativo de celular. Isso elimina a necessidade do operador humano, mas é uma tendência para as novas gerações Y e Z que não querem contato”, diz Kawasaki. “Afinal a venda do crédito para esse público foi por canais virtuais e quando chega na cobrança eles querem usar o mesmo canal”, diz.
Fukuura admite que quando os bancos tiverem essa ferramenta proprietária, podem não precisar do serviço da Siscom. “Sim, é uma ameaça. Mas queremos sair na frente. Quando virar commodity, precisaremos nos reinventar”, diz o presidente.
A Siscom está, neste momento, passando por um processo de auto-reinvenção: Fukuura foi contratado no ano passado para profissionalizar a empresa e estabelecer regras de governança. No final do ano, vai assumir a presidência e os sócios ficarão no conselho de administração, que está sendo criado e terá um membro independente. A empresa existe há quase 19 anos e não tinha sequer um acordo de acionistas. Interessada em comprar ou fechar parcerias com empresas que ofereçam expertises complementares – como especialistas em cobrança de dívida de empresas e de mensalidades escolares, ou de seguro saúde por exemplo — a Siscom precisava colocar a casa em ordem. “Nosso objetivo é crescer como empresa ‘multiespecialista’, diz o presidente. “Já fomos sondados por bancos algumas vezes. Para receber investimentos, seja via fundos, bolsa ou instituições financeiras, precisamos nos profissionalizar”, completa.
Fonte: Brasil Econômico
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