sábado, 17 de setembro de 2011

O convívio da empresa com as redes sociais


Um estudo da universidade americana de Purdue, feito sob encomenda da empresa desoftwares McAfee com 1.055 empresários em 17 países que adotaram tecnologias 2.0, revelou números surpreendentes no Brasil. Cerca de 90% das empresas brasileiras pesquisadas utilizam redes sociais como Facebook ou Twitter e três entre quatro destas empresas informaram que estão lucrando com estas ferramentas.
Como o estudo foi realizado em empresas de maior porte, os 90% reduzir-se-iam a, no máximo, 10% se considerássemos o universo total de empresas, com a inclusão das micro, pequenas e médias empresas. Mas o fato é que se evidencia uma tendência que impactará não só os internautas, mas também os empresários.
As redes sociais são programas em que os internautas inserem-se em formato de adesão com a intenção de manter uma interação social por meio do computador e da Internet. Visam localizar; difundir e conectar num processo de comunicação as pessoas que aderiram ao programa ou site.
A cada dia aumenta o número de participantes por todo o mundo e é este novo universo de pessoas que as empresas tentam agora atingir. O contato mais próximo que as empresas conseguem com seu consumidor final pode gerar e estar viabilizando retorno para as empresas que investiram nesse nicho. Mas há um processo vicioso: os consumidores são, ao mesmo tempo, trabalhadores de outras empresas, e a utilização destes softwares tem sido combatida por provocar a perda de qualidade e tempo de trabalho. Boa parcela dos lucros que alguns têm obtido com estas ferramentas possuem origem em pessoas que desperdiçam o tempo do trabalho mergulhadas em redes sociais. Ou seja, o lucro de um é o prejuízo de outro.
Calcula-se que no Brasil um terço das empresas impõe restrições ao uso de sites como o Facebook, e o número cresce a cada dia. Essa restrição é vista, algumas vezes, com maus olhos pelos funcionários e pessoas do mundo da tecnologia que se esquecem que vendem suas horas de serviço e atenção às empresas. Para que se tenha ideia, o tempo médio de cada login no Orkut é de 25 minutos; no Twitter - 20 minutos; no Facebook - 16 minutos. Boa parte desse tempo é desperdiçada nas empresas em horário de trabalho. Como a tendência é que a cada dia as restrições no uso da internet no horário de trabalho sejam maiores, chegaremos a um ponto em que, eventualmente, os que lucram hoje não alcançarão amanhã números tão substanciosos e terão que se voltar ao consumidor em suas horas vagas. Isso mudará o cenário, pois - a meu ver - o Facebook e o Twitter têm um apelo maior como distração no horário de trabalho do que quando concorrerem somente com nossos momentos de diversão.
Não havia Facebook nem Twitter quando Lacordaire alertou: "Por toda parte onde se quer vender, o homem encontra compradores". Isso nos induz a pensar se não somos vítimas de um processo de servidão. Usamos ou estamos sendo usados por esses sites e empresas?
Juan Felix, dono da Mirror Yourself, uma agencia de propaganda em Amsterdã, na Holanda que se especializou em propaganda para o Facebook, deixa claro isso quando diz: "Para um posicionamento bem sucedido no Facebook é importante conhecer a mente de seus fãs. A única maneira de se conseguir é interagindo". E faz uso das palavras de Chris Brogan: "desenvolva grandes orelhas" complementando: "e as coloque onde os consumidores estão".
Pela certeza que temos de que toda empresa visa o lucro, e que há mais gente por aí do que se imagina atrás destes lucros, é necessário refletir!
"Adicionar" e "seguir" são termos de uso comum nessas ferramentas. Tenho a percepção que os seguidores, se não se cuidam, estão na verdade sendo seguidos e controlados. Os "adicionantes", se não atentarem, restarão colados como insetos à lâmpada quente, distanciando-se diariamente da vida real que, por si, é o que importa.
Não podemos negar que esta tendência deve alterar o cenário e os costumes dos dias vindouros, sobretudo na forma de comunicação. Isso nos obriga, sim, a manter os olhos sobre o que ocorre e quanto à forma como ocorre, uma vez que isso impactará em cada ser, na economia e na vida em geral.
Vale à pena cada um pensar como nos atingem essas ferramentas na vida real, para não conhecer na pele o que pensava Benjamin Franklin: "Se comprares aquilo de que não careces, não tardarás a vender o que te é necessário".

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